6.9.11

Eu apaguei a luz.

Que esse Deus que vós proliferais pela boca seja menos sangue. Porque se tudo se justifica em simples palavras a poesia já seria rainha. Não dá, esse meu leve hábito de acreditar me faz uma suicida compulsiva. E eu morro diariamente frente à seus olhos e a tantos olhos que nos olham-vazios-insuportáveis. Já haviam meses que eu não bebia. Estava realmente buscando algo que me facinasse no mundo a ponto de eu não precisar de mais nada. Mas essa busca eloquente por um sentimento que valia é nula em mim. Num momento triste como agora, que me sinto triste e oca, num momento assim me permito um pouco fracassada para meu eu. Entretanto se observo meu redor, o que eu fui além de uma guerreira da vida? Uma guerreira banana que nao sabe se anda, se senta ou se apaga da memória as roxas porradas que a falta de algo me causou. E bebo mais já que é véspera de feriado e chove muito lá fora. Bebo por cada medo que engoli inteiro e sozinha. Cada mão que me soltou no precipício sem ao menos olhar para trás. À sua ausência de espírito. Ainda sinto gemer seus gritos de socorro no meu ventre. Mas não há mais vida em mim para que ao menos eu possa me despedir. E as ofensas serão infinitas enquanto eu, mulher.

2 comentários:

Hellen S. disse...

às vezes buscamos em coisas ocas aquilo que queremos que nos complete. Como algo sem consistência nos completa? E se completa.. é por muito pouco tempo, talvez até que percebamos que nada adiantou, ai.. só o vazio resta! A vida que ainda se instaura em você continua, independente das várias vidas que se passaram. A pior coisa é achar que estamos mortas mesmo ainda tão vivas. E esta vida, sinto informá-la, encontramos em DEUS. Quem é ele? Onde ele está? Busque as respostas num quarto escuro e Ele estará lá.. apenas silencie-se! Chore, e peça que ele te responderá!

Anônimo disse...

A busca pela compreensão ocorre da falta de entendimento. O ser problemático, confuso, fracassado é combustível para a aquisição da resolução, da Aufklärung e do sucesso. É bom, às vezes, ser oco, porque na taça cheia não entra nada mais. Melhor é ser vazio do que empaturrado do pleno amorfo, opaco e estupidamente corpóreo-inconsciente. Na verdade, estou farto dos resolvidos, sábios e modelos, porque sou essencialmente paradoxal, contraditório, ignorante, porém, sempre em busca e a sociedade me faz de restolho. A vitalidade é esse seu sentimento de inacabamento. A vida é essencialmente falta de algo. O completo e acabado é a morte. Quanto ao fazer-se acompanhar de uma botelhesca poção etílica digo que dela me abstenho não só por convicção religiosa, mas a experiência, que Oscar Wilde define como “coleção de nossos erros”, mas aqui eu incluo e habilito a coleção de nossos acertos, exaurientemente me mostrou que a abstinência de tal substância me deixa menos depressivo, e que posso excitar o intelecto e ficar relaxado lançando mão de substâncias não alcoólicas de efeitos análogos. Gosto do que você escreve, se puder, cadastre meu e-mail no seu blog e, assim, sempre que você agregar alguma coisa automaticamente será manejado para meu endereço eletrônico e eu poderei, se você me permitir, tecer meus parvos e singelos comentários com o fito de tentar coonestar o que você cogita. Respeitosamente, CLÉVERSON ISRAEL MINIKOVSKY.