9.4.11

Meu acorde é um só

Às vezes percebo que certas musicas, as melhores, não tem letra. Assim prestamos mais atenção na melodia. Nesta mesma constante vejo hoje, pequeno, nosso amor. O “não-dito” nos toca e nos faz ouvir aquilo que nunca seria possível se não houvesse em nós a música da nossa relação. E embora sejamos músicos, de fato, isso nada tem a ver com a parábola. A nossa composição está no olhar, no toque, na emoção do encontro, na dor da despedida, nas risadas e discussões, no medo que temos de perder um ao outro. Essas são as notas que não nos deixam mentir. Assim, quando precisamos ouvir a musica, não importa a técnica, os sentidos, a ciência, a matemática. Esqueça das lições, interpretações e opiniões. Vale, apenas sentir. E nessa coisa do sentir somos profissionais virtuosos. Em um mês nossas variadas partituras já comporiam um livro de graduados. Do alegreto moderato ao andante prestíssimo. É, nem sempre há harmonia nessas linhas (...). Mas nossas habilidades musicais nos permitem desafinar sem perder o ritmo e a postura. Aos dodecafônicos agradecemos à parceria. A música não parou desde àquele instante inexato. Sempre pulsante: ora tambor, ora clarinete. Tumtam, parampampam. Essa escala não tem volta. Eu amo nossa música como se fosse a mais bela tocada nesse anfiteatro da vida. Quem da platéia ainda vaia, é porque não entende de som coisa nenhuma. Antes de baixar o volume preste atenção, mas não perca o raciocínio: o que os compositores fizeram foi só tocar em instrumentos aquilo que já era tocado pelo corpo. Parafraseando Uexkull: “Todo corpo é uma melodia que se toca”. Pode vir metal ou clássico, brega ou popular: nossa música é para sempre. O nosso amor é melodia.