15.9.09

O céu


Da morte nada sei. Hoje ainda respiro. Se a alegria me vem, sonho. Quando há dor, realidade. É triste perder alguém que se ama, ver a ultima imagem viva. Eu vago por esse campo que pra mim sempre foi um vazio. Eu gostaria de poder morrer por alguns segundos. Fecharia os meus olhos lentamente e cronometraria 20 minutos de apagão. Donde estoy yo? Pelo silencio da alma sobrevive a ausência do corpo. Como posso viver amando meu corpo? É difícil conceber a existência. Eu o vi chorando de medo. E quando via nos olhos da vida que já não existia esperança e que nada mais lhe pertencia, doía. Se há um Deus nesse mundo eu acredito. Porque no amor também creio sem o ter visto ou sentido. E mesmo sem ter certeza disso. Alguém, por favor, segure estas mãos e sufoque este momento. O escuro me pertence. Noites interrogativas que me abraçam confortavelmente. Nossa Senhora nos proteja. Poe uma longa e colorida cena para essa despedida. Não permitas, não permitas. Dê-me essa angustia. E que ele parta livre do pecado da dor. Com um peito manchado de vermelho. Ora sangue, ora amor. Cinco minutos refletidos no espelho que se quebra. Não me abandone nunca. Eu não entendo a solidão. Permaneça, pois eu já vi tanto ódio derramando nesse copo dessa mesa de jantar desse meu lar. Não é fácil mesmo. Mas eu guardo comigo a lição mais linda que você me deixou: sempre sensível. Eu vou caprichar. Eu vou.