31.3.10

O grau do amor

“do infinito do mar ao infinito do céu,
E, sonhando só com vocês, contemplo no fundo
O amor que sinto no meu ser mais profundo.
Ao lado deste amor, doce, forte, pungente,
Este imenso mar é pequeno e impotente.”

A quem devo pedir que na minha vida se repita a felicidade? Nunca mais?
Nunca. Não, tudo se foi neste ultimo dia de carnaval. Quando nada parecia ser certo, quando pudemos perceber que a ida de Dani para Júpiter tinha influenciado intensamente no nosso amor. Eu desde pequena fui precoce em muitas coisas, por outro lado tenho um atraso incrível em relação a outras coisas importantes. Já não importa. A alegria me dói. Depois meus olhos ficam úmidos. Eu sou uma mortal, lembrei. Estou tentando publicar um texto sobre o grau do amor. Eu nunca imaginei que as medidas fossem tão longe e que eu deveria ter prestado mais atenção nas formulas matemáticas ao invés de persistir na lógica. Se para mim tudo é tão insolúvel agora necessito de soluções. Mas corre nessas suas veias um sangue que não se soma. Não é o número o alimento do espírito moço. Esse esforço de nadar contra a corrente tira sua força vital. Alguns dirão: “todo mundo...”, como forma de consolo. Livrai-me disto senhor. A culpa me enraizou. Se você é infeliz agora, tome uma providência agora, entendeu? Assim eu sou. Eu existo numa sequencia de agoras. Estou viva agora e não sacrifico essa hora pelo dia de amanhã. Jamais o farei.
Pois bem, se pareço rude é porque o sou. Sempre que permiti algo, perdi mais do que isso. E meu coração dói a ignorância humana. Fui traída tantas vezes através da fé. É por isso que me vêem pessimista, embora eu não seja. Eu sou um animal. Minha alma é de bicho e não de gente. Não quero ser gente.
E numa batalha de inglórias eu perdi a única verdade que me restava. Guarde-a bem com você.
Eis que de repente fiquei agora mesmo com saudade de um cão que eu tive na minha infância, o Tobi. E me lembro bem do que aprendi com ele. O horrível dever é ir até o fim. Depois de entregar-se totalmente. O que me salva é a solidão. Beijos pequena. Não mais. Não me toque mais não.