Tudo sempre me pareceu tarde demais ou cedo demais. Nunca vivi no ponto. Vocês donas de casa, fazedoras de bolos e quitutes, sabem muito bem da dificuldade de acertar o ponto. Quando eu era jovem achava que ja era tarde para me aventurar ou que era cedo demais para eu arriscar tudo e cair na vida. Maldita insuficiência. Isso sufoca sim. Falta ar. Dá desmaios. Depressões, quedas de cabelo, chatices. E mulherices. Aí isso eu tenho de sobra. Vontade de vomitar nos peitos dessa gostosona que fica desfilando aqui na frente de casa. As estações do ano eram contínuas na minha vida. Nunca percebi diferenças, mas sempre me senti crua, mal passada. Hoje, mais velha (estou com 43 anos), dois filhos, um esposo e um ex-esposo, me sinto tostada. Dura feito pedra.
Eu estava no supermercado. Precisamente na prateleira de papel higiênico. "Gostosa", ouvi alguem susurrando atrás de mim. Nunca havia recebido elogio algum. Nem dos meus maridos, namorados, filhos. Eu nunca fui bonita. Nunca fiz academia. Nunca usei maquiagem. Mas sempre fui vaidosa, engraçado. O moço era muito bonito. Devia ter uns 30 anos. Descaradamente, ele pegou um pedaço de papel e enfiou no bolso traseiro da minha calça. Eu não gritei. Embora, tenha ficado assustada. Permaneci estática. Um arrepio nervoso. Roberto, 45632356.
30.4.09
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