7.11.12

Valsa dos sentidos

Pode-se dizer que na oposição entre o prelúdio e a fuga está inscrita uma encruzilhada. A fuga é sempre defasada, mas o prelúdio anda marcado, elegante. Eu nunca fui prelúdio, muito menos fuga. Talvez por isso ando sempre distante das verdades. O pulsar do relógio nunca foi o ditador da minha melodia. Mas por que eu falo de música? Tanto faz. Poderia falar de livros, de cinema, de esporte, política, economia. Isso pouco importa. Mas importa em mim a ênfase, a vivacidade das coisas, sempre me fixei na emoção que conduz qualquer coisa que seja. Acontece que as vezes o ritmo foge, o trem descarrilha e é necessário pensar, olhar o nada, chorar. Já havia passado o dia todo do sumiço da minha cachorrinha quando ela apareceu. E não há sensação melhor que a surpresa. Rá! A surpresa é uma rasteira que nos derruba e faz cócegas. Mas aí volta o silêncio e o pensar. E de pensar tanto e tanto, coisas que antes eu nem ligava, acho melhor sempre aguardar. Uma nova surpresa pode chegar. Quem sabe eu sou mais sortuda do que imagino. Fé, piada. A vida só não me fez menina.

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