Os viajantes do mundo, que absorvem as vidas, que desenvolvem a arte, que plantam a música, que colhem chuvas. Os personagens do mundo.
Eu não acredito em tudo. Mas duvido pouco da imaginação.
Partindo do início, "eu faria tudo de novo". Quando entrei no "jardim de ilusões" eu ainda estava bêbada. Cansada. A espontaneidade da leitura me carregou para um circo de sentimentos reais. Palavras-picadeiros. Tudo muito cru. (ausência)
Menos líquida.
Não precisamos de muito para sermos muito?! Porque não somos muito.
Também fiquei contente por existir. Por não ser infeliz, oras.
Não saí da platéia até o fim da peça. Coisa rara. Eu repudio o teatro, mas me vi tão atriz. Melhor, espectadora. De sonhos. Ou fatos? Uau! "É domingo em mim", pensei. Neste momento, eu estava saindo da fila do banheiro e indo para fila do bar. Ironia. Outra coisa bacana demais.
Depois de atrasar por dois dias consecutivos no trabalho eu achei melhor seguir em frente. Fui até o fim. Que não é bem um fim. Talvez seja o começo.
Até aí os espelhos ainda não tinham me revelado a verdade.
Teriam poderes: as palavras, os personagens, o teatro ou o escritor? Eu preciso saber quem carregou a minha identidade. Original. Não posso esquecer. Eu também busco respostas.
Nas janelas e parapeitos, enquanto empurro a balança da praça e observo o fundo dos olhos da minha pequena, nos restos de folhas que apodrecem no gramado, na fina camada de pó encima do balcão da sala. Ou talvez no brilho do ouro do colar que espedacei. Ainda deve ter algum valor.
No entanto, você não citou você. (engulo seco) Admiro o silêncio da alma. Mas não acredito. Temo. Porém, me pus a acreditar. (fácil, fácil, mas não inocente, acho)
Muito linda é a autencidade. Demorei a perceber que era tudo assim mesmo como seria se não fosse. Caráter em caracteres. Eu passei a acreditar.
*Texto escrito depois da leitura do livro "Jardim de Ilusões", do amigo Édio Raniere.
28.4.08
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