24.4.08

Humana, desmaiada humana

A piedade sufoca. Dá náusea. Assim como a fraqueza. Têm pessoas que acham créditos na fraqueza. Não sei como. Isso me incomoda. Hoje, quase desintoxicada de vida, escrevo. Minhas mãos seguem linhas tortas. Sempre. Eu nunca sei onde as palavras vão parar. Elas fogem do meu controle. Controle esse que tenho pouco.
Sinto desejo de prazer quase todo o tempo. Esse me sobe à garganta. Em alguns segundos, vomito. A moral ou o desejo?
Os vícios são incontroláveis mesmo. A vida sadia vai para o ralo na mesma gorfada. “Gorfada”? (risos) Amor igual a nojo.
A água parada fedia. Acaba a vertigem da bondade. Atravesso o inverno. Páro na penteadeira. Cheia de espelhos. Abro a gaveta. Dois conhaques, por favor. Um com gelo. Assim eu encaro meus olhos com mais certezas. Feridos pela ingratidão. Cuspo no lixo ao lado. Porque mulher não cospe. Então que seja no lixo. Na mira. Tudo muito justo, não é meu irmão?
Sentei no chão. Conformada e cética. Não era nada. – Elevador!, gritou-lhe sua fada madrinha de longo vestido rosa. 3° andar. É o andar da dor. Sempre retorno. E sempre que retorno penso em ti. Hipocrisia minha comigo mesma. Ai, pleonasmos factuais.
Já estava empanturrada de tudo a essa hora do dia. Sua cadela roliça! Beatice da mente cristã.
Agora minha cabeça está nua. Vou tentar encontrar delicadeza em minh’alma. Fantasticar os acontecimentos. Coisa de coiseados. Etapas maduras da vida, dizem os mais ilusionados. Eu digo também. (besta) Me sinto uma vaca gigante e gorda ruminando no pasto. Logo me volto nobre, ofendida.

Viro de bruço, mas não se aproveite. Não vale a pena.

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