29.11.07
Fuck
Hoje olhei no fundo dos olhos da minha filha e encontrei a minha resposta: não. Eu não quero fazer parte da violência e não quero ajudar a gerar um péssimo futuro: hoje digo não a todas as drogas deste mundo. Quero dignidade. Não vou cair nessas “redes”.
E imploro para que esse planeta de drogados pare para pensar. Pare para fugir. Porque somos nós os culpados. Não há sistema. Não há sociedade. Existem indivíduos. Muitos hipócritas, porém livres. Muitos manipulados, porém livres. Portanto, vamos usar nossa liberdade para dizer não. Eu não voto mais, eu não assisto às merdas da tv, eu não lambuzo meus cabelos sedosos com o shampoo super hiper perfect. Eu PROTESTO para uma vida linda a minha filha linda e a todas as crianças que não tem culpa de nada e vão acabar nessa bosta depressiva que vivemos nós.
Eu protesto contra você que gera isso que usa isso que se cobre com isso e que venera todo o resto dessa porcaria, eu protesto contra você que financia isso e concorda com isso, eu protesto contra você que conhece este mal e não usufrui dele mas deixa os outros usufruir. Bando de idiotas. Isso tudo vai acabar com a ingenuidade dos olhinhos da minha pequena. E vai ferir o amor mais belo que a humanidade já viu: o amor próprio.
Não são os politicos, não são os pais, não são os filhos. É você. Sacou?
28.11.07
A liberdade do sofrimento
Além disso, é só então que o verdadeiro significado do sofrimento humano se torna claro. No derradeiro momento desesperado - quando não podemos sofrer mais! - acontece qualquer coisa que tem a natureza de um milagre. A grande ferida aberta pela qual se escoava o sangue da vida fecha-se, o organismo desabrocha como uma rosa. Somos «livres», finalmente (...). Não são as lágrimas que mantêm viva a árvore da vida, mas sim o conhecimento de que a liberdade é real e eterna.
Henry Miller, in 'Plexus'
Piano
Fazendo-me voltar e descer o panorama dos anos, até que vejo
uma criança sentada debaixo do piano, na explosão do prurido das
cordas
E pressionando os pequenos, suspensos pés de uma mãe que sorri
enquanto ela canta.
Apesar de mim, a insidiosa mestria da canção
Atraiçoa-me fazendo-me voltar, até que o meu coração chora para
pertencer
Ao antigo entardecer dos domingos em casa, com o inverno lá fora
E hinos na aconchegada sala de visitas, o tinido do piano o nosso guia.
Por isso agora é em vão que a cantora irrompe em clamor
Com o appassionato do grandioso piano negro. A magia
Dos dias infantis está em mim, a minha masculinidade
É desencorajada no fluxo da lembrança, choro como uma criança
pelo passado.
D.H. LAWRENCE
19.11.07
14.11.07
Cuidado fatal (2)
13.11.07
Cuidado fatal (1)
Os relógios marcam teimosamente as horas. Eu ainda espero. É verdade. E dá para colar um cristal quebrado?
Dei tudo que tinha. "Lancei meus poemas na arena". Fui incompreendida.
Eu sou uma contrabandista de idéias, pensamentos, verdades, mentiras e personagens. E embora não pareça tenho muita paciência.
Certo dia fui há um clube de dança e encontrei um senhor. Parecia-me mais jovem e parecia muitas coisas que não eram. Ele falava bonito. Era engraçado e gostava muito de música. Batemos altos papos culturais movidos a cachaça e admiração mútua. Alegria nutrida de solidão e transformada em orgulho. Era um brilhante pianista que fazia das notas sua fala. Ao contar e cantar tudo o que passava. Ao encantar quem o fitava. Eu fui o seu público por aquele instante. E por outros mais. Eu fui de Beethoven à Dresden Dolls. Assim, o senhor pianista me viciou com sua notinhas classicas, punks, dodecafônicas, infinitas.
Eu queria beijá-lo, mas não sabia disso. Demorei a descobrir.
Mas esqueci de descrevê-lo. Ele tem os olhos negros e resistentes. Tristes. Acho que rancor, sei lá. Tipo de um soldado inimigo. Mas o sorriso acalma o olhar e desmascara. E tudo vira o contrario. E o soldado já parece um anjo caído. Os traços fortes. Brutos. Cabelos pretos, lisos. Oscila entre uma aparencia adulta e um visual de moleque. Mas ele prefere não ser nada. Não parecer nada. Nem sentir...
Depois eu saí daquele lugar. Tava estressada com o mundo. Queria beber. Encontrar pessoas. Aproveitar o momento que haviam me proporcionado. E fui. Fui mesmo. Ele ficou preocupado comigo. Engraçado como as coisas invertem o sentido. Invertem o sentir.
Eu vou falar de mim agora. Do coração muro de pedras restou um coração espedaçado quase quase em reconstituição. Ele me devolveu uma boa parte. Mas logo tomou-a para si e tomou ainda mais do que havia me dado. E eu fiquei aqui. Sentada. A sós com minhas palavras. Mas feliz por tê-lo beijado, ainda não falei nada sobre isso, mas logo conto. O beijo me mostrou uma vida há tanto tempo desolada. Leve. Bruto e intenso. Aff!!!!
(continua...)
7.11.07
Sem estrelas...
Acho graça nas pessoas. Inclusive eu. Aí eu fumo um cigarro e fico pensando. Gosto de surpresas. As coisas só acontecem pra mim em forma de surpresa. Como se fosse inevitável. Fui surpreendida com você. Depois me surpreendi novamente quando te conheci. Nem sempre surpresas agradáveis. Mas eu gosto das agradáveis, é claro.
Minha filha me surpreende todos os dias. Ela é fantástica. Queria ser ela várias vezes ao dia. Indestrutível. Que amor louco é esse de mãe.
Voltando ao principio eu te amo. Amo que nem atriz de cinema, amor de teatro. Assim a dor também é de mentirinha. Superficial. Só vale como descoberta. “O poeta é um fingidor/ Finge tão completamente/ Que chega a fingir que é dor/ A dor que deveras sente”. Só não entendo porque ferir tanto. Hahahaha. Sou uma abestalhada. Odeio os derrotados. É por isso que te amo. De mentirinha.
Ohhh! Nem foi um orgasmo seu tolo! Eu inventei tudo. Mas quase acreditei... Não sei mesmo.
1.11.07
Aonde Pode Levar a Sinceridade
Friedrich Nietzsche, in 'Humano, Demasiado Humano'