1.12.10

Modelo Panoramico

Ela ficava sempre ali sentada na ponta do balcão como se esperasse algum tipo de atitude, mas tudo lhe era dado como espera. Sem dúvida a noite facilita algumas coisas. Tem dias que, como um cachorro quando se assusta com a chuva noturna, ela temia a meia noite. E no infinito só via a beleza que se ocultava nos olhos alheios aos seus. Era outono aquele tempo e não se via mar onde ela morava. A cama desarrumada descascava nos pés a madeira envelhecida. Tanto quanto quem nela se deitava: que se era jovem nos anos mas velha nas feridas. Por isso de sua aparência rugosa e hostil. Se dizia feliz naquela época em que sentava entre a janela florida e a penteadeira de mogno na qual preferia não encostar (era costume nao tirar o brilho do lustro). Já tinha passado das 17:00 hrs e percebeu que chorava diante do filme meloso que se soubesse não o teria visto. Ninguém deveria suportar os clichês da vida adulta. Rá! Risos são indispensáveis. E aí nesse ponto ela sempre toma a sabia decisão mesma de sempre: partir, com um ou dois soluços apenas.


Juana Dobro

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