Como posso sofrer porque as coisas pararam? Elas andaram tão estouvadas! Por que não deixá-las dormir agora um pouco? Tudo se aquietou, é noite, o mundo vive pra dentro, cegando-se ao sol do sonho. Preciso um pouco desse conteúdo inóspito, ermo como um quase-nada. Não, não é morte, é uma espécie de lacuna essencial, sem a aparência eterna do mármore, ou, por outro lado, sem as inscrições carcomidas. Pode-se respirar também na contra-vida. Depois então a gente volta para o ritmo; aí já não nos reconheceremos ao espelho explícito, tamanha a qualidade desse tecido penumbroso que provamos.
João Gilberto Noll,
inspiradíssimo em Mínimos, múltiplos, comuns.
5.8.08
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Um comentário:
lindo lindo lindo!
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