9.6.08

O VELHO PEDÓFILO

Embora ela não tenha quatro anos. Anda batendo palmas para a vida. Levou um tiro de canhão. Nossa, um rombo imenso. Até que ficou bacana no seu corpo. Eu acho. Percorreu quilomêtros centímetros por horas segundos. Ainda assim ela se mantém em pé. Com longos sapatos de bico fino e saltos altos. Só os tira em sua casa. Lá ela percorre livre. Lá sim. Pois é. Aquela felicidade utópica inexistente anda batento nos seus olhinhos. Acho que foram as palavras. As palavras são sempre cumplices. São sempre pertinentes. E por um fio invisivel ligado de poste em poste ela se conectou num afeto instantâneo. Leite em pó. Quick de morango. Xarope de Groselha. Foi quando sua boca percebeu que ele parecia muito, mas não era um menino. É, isso é muito difícil e muito simples. A respiração até trava em certos momentos. Os pensamentos se transformam em reticêncas. --Foi você quem me disse isso. Tomo suas palavras. Junto com seus beijos -- diz a menina. Agora ela se tornou uma mulher contemplativa. Ainda não tem certeza se isso há faz bem ou não. Não por medo. Nem receio. Acho que por orgulho. Sarcasmo talvez boy. E se o termometro quebrar? Não terá volta. Ele é um pedófilo. Nossa. Isso deve ser complicado. Não mais.
Peraí. Não confunda as coisas garotinha. A vida lhe traçou um destino incerto. Areia movediça. Seus passos devem ser leves. Assim como na música, lembra?

Aí ela parou o carro. Aí ela parou o tempo.

Narrativa burlesca agora.

Vou deixar este capítulo para os dois. Eu não tenho certezas. Nem verdades. Nem destreza com esse tipo de descrição. Não por timidez não. Por que seria mais facil pintar um quadro. Ou olhar num espelho, quem sabe.

Abro um parenteses. Ela sonha em descer as meias finas. Descosturar suas veias. Se deliciar com os prazeres da carne. Assim como os da mesa. Aguarda a muqueca prometida. Ainda que a fome tenha se esgotado e dado um espaço para coisas muito mais piegas.

A menina e o velho.

Ela trocaria minutos com ele por anos da sua vida. Sabia?

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