29.5.06

JULGAMENTO

Eu sou Crislaine B.. Tenho 23 anos. Estou grávida. Atenção curiosos que estavam na dúvida ou não sabiam: é verdade. Vou ter um filho. Um filho de uma mãe que tenho medo de ser. Um filho de um pai que nem quer saber, saber o nome, se é homem ou não. Com uma família que aceita, rejeita, metade ama, metade ignora. E que momento difícil. Dos milhares de amigos que tinham restaram tão poucos que é fácil de contar. E ainda que os multiplicassem, muito menos seriam. Eu amo essa criança. Amo também todas as lembranças, que hoje ficam para trás. Quero que saibam que minha tristeza é por vocês, não por mim. Estou num mar de rosas. Sem fim. Um filho é algo eterno. É meu coração fora de mim. Só que os olhares que vejo ao meu redor, já não sei se ha verdades assim. Nessas vozes, nesses sorrisos, naum sei mais se são pra mim. Então escrevo. Escrevo para entender porque voltou a me procurar. Por que todos voltaram a me procurar? O que há? Não existe culpa, não há. Te perdôo, mas não esqueço. Não sinto raiva, sinto mágoa. Estou tão congelada. Assustada com certas reações. Ser humano canalha. Justiça hipócrita. Política. Revolução. Comida e ração. Que mundo espera meu filho? Quem ele será? Como será? Será? Vou te pegar e levar pra esse meu cantinho, onde até mesmo eu, 1 metro e oitenta, me sinto pequenininha. Vou te dar um beijinho e dizer que te amo. E que só isso quero amar e te ensinar. Pronto. Não há felicidade. Existem momentos felizes. Você me salvou de tudo isso, prometo te salvar também.

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