28.8.09

Carmem, 301


Acabou a musica, pode ir embora.
Vestiu-se e foi desaparecendo naquela noite escura. Soube naquele momento que não deveria ser o único a sofrer de insônia. Essa voz também a perturbava. Nada parece exclusivo nessa estúpida vida. E digo estúpida também para as boas gozadas que le ocorrem em pleno dia. Não só de pão vive o homem. Ao menos, se a mulher lhe ensinaria. E se só a desprezo, ela o diria: que assim permaneça a pétala crua ferida. Não é por dor que calo seu desejo. Tenho um tempo a cumprir e que se cumpra dessa face senão outra poderosa e rouca toma vez deste lugar.
Foi assim que se sucedia. Um vinha, outro ia, um vinha, outro ia. Não se fez valsa, muito menos tango. O compasso deve no mínimo ser binário. Com ela não. Ela percorria qualquer melodia como quem borda ponto a ponto com uma agulha dura e grossa. Foi então que um, apenas um daqueles soldados falou o que foi a primeira palavra pronunciada e ouvida, direcionada a a, à Ela. E mais algumas letras. “Tinha tudo para dar certo”. Ela o sorriu e disse baixo, suficiente para não ser ouvida nem por ninguém: eu, Macabéia.